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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Certidão de nascimento: Caio F. Abreu


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1948 - Caio Fernando Abreu nasce em 12 de setembro de 1948, em Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul, quase fronteira com a Argentina, durante o governo Dutra, numa época de industrialização crescente.

1954 - Aos seis anos de idade, começa a inventar e escrever histórias.

1966 - Ainda no colegial, em Porto Alegre, durante os primeiros anos da ditadura militar, publicao conto "O príncipe sapo" na revista Cláudia, e escreve o romance Limite branco, que narra a vida de um jovem dos doze aos dezenove anos, tempo ao longo do qual luta por definir-se em relação à família e a ele mesmo.

1967 - Inicia os cursos de Letras e Arte Dramática na UFRGS, que acaba abandonando. Nesse mesmo ano é promulgada uma nova Constituição, que centraliza o poder e exclui a participação popular das decisões nacionais.

1968 - Caio muda-se para São Paulo e participa como repórter da primeira equipe de Veja. Seu conto "Três tempos mortos" ganha menção honrosa ao concorrer ao prêmio José Lins do Rego. É o ano do movimento estudantil na França, de greves e protestos operários e estudantis e do AI-5, que cassa os direitos políticos dos cidadãos no Brasil.

1969 - A obra. Inventário do ir-remedidvel (contos) recebe o prêmio
Fernando Chinaglia da UBE (União Brasileira de Escritores). É
promulgada a nova Lei de Segurança Nacional e a oposição radicaliza-se
em ações clandestinas. Surge a imprensa alternativa com O Pasquim.

1970 - Ano da publicação de Inventário do ir-remediável. Limite branco e Roda de fogo (antologia de autores gaúchos) pela Editora Movimento. Aumenta a repressão do governo à oposição e surgem as guerrilhas urbanas. Nasce a poesia marginal.

1971 - Caio muda-se para o Rio de Janeiro e trabalha como pesquisador e redator das revistas Manchete e Pais &Filhos. Retorna a Porto Alegre, onde é preso por porte de drogas.

1972 - Trabalha como redator do jornal Zero Hora e como colaborador do Suplemento Literário de Minas Gerais. O conto "A visita", posteriormente incluído em O ovo apunhalado, recebe o prêmio do Instituto Estadual do Livro.

1973 - Caio viaja para a Europa. Em Estocolmo, trabalha lavando pratos e, em Londres, como faxineiro e modelo vivo numa escola de belasartes. O ovo apunhalado, onde predominam os temas da memória e da identidade, da repressão aos valores individuais e a crítica à sociedade do consumo supérfluo, recebe menção honrosa do prêmio Nacional de Ficção.

1974 - Volta ao Brasil. Em Porto Alegre, trabalha como autor e ator na peça Sarau das nove às onze, com o grupo Província; é colaborador de diversos órgãos de imprensa e da imprensa alternativa, então em pleno florescimento, como Opinião, Movimento, Ficção, Inéditos, Versus, Paralelo e Escrita.

1975 - O ovo apunhalado, que tem trechos censurados, é indicado pela revista Veja como uma dos melhores livros do ano. Sua peça Uma visita ao fim do mundo, mais tarde denominada Pode ser que seja só o leiteiro lá fora, recebe o prêmio Leitura do SNT.

1976 - Escreve críticas teatrais na Folha da Manhã e participa de duas antologias: Assim escrevem os gaúchos e Teia.

1977 - Caio lança Pedras de Calcutá, livro de contos que focaliza a juventude brasileira, vítima da repressão política desencadeada com o golpe de 1964. Participa da antologia Histórias de um novo tempo. É a época do governo Geisel e a oposição civil, representada pela OAB, Igreja Católica e MDB, rearticula-se.

1978 - Volta a São Paulo, onde trabalha como redator da revista Pop.
Participa da Antologia da literatura rio-grandense contemporânea.

1979 - Trabalha como editor de texto da revista Nova.

1980 - o conto "Sargento Garcia" recebe o prêmio Status de literatura. Têm início a redemocratização e a anistia aos presos políticos, no governo Figueiredo. A censura enfraquece e a inflação agrava-se.

1981 - Caio assume o cargo de editor da Leia Livros. A inflação cresce e o país recorre ao FMI. Começa o movimento "Diretas Já".

1982 - Caio lança pela Editora Brasiliense um dos maiores sucessos editoriais da década. Morangos mofados, que é uma continuação de Pedras de Calcutá: trata na primeira parte daquela mesma juventude, "os morangos mofados". E o período da Guerra das Malvinas.

1983 - Volta ao Rio de Janeiro, onde se torna colaborador da revista IstoE.
Publica Triângulo das águas. O cientista francês Luc Montaigner descobre o vírus da aids, até então desconhecido.

1984 - Triângulo das águas, que reúne três novelas sobre o tema da solidão, ganha o prêmio Jabuti. Sua peça Pode ser que seja só o leiteiro é encenada em Porto Alegre, sob direção de Luciano Alabarse. O Congresso rejeita a emenda que restabeleceria eleições diretas para presidente.

1985 - De volta a São Paulo, trabalha como editor da revista A-Z e escreve o roteiro para a série de TV Joana Repórter, estrelada por Regina Duarte. Morangos mofados é adaptado para o teatro e encenado sob a direção de Paulo Yutaka. Tancredo Neves, eleito pelo Colégio Eleitoral, morre antes de assumir a presidência, e em seu lugar é empossado José Sarney. Na União Soviética, Gorbatchov inicia a abertura política e econômica.

1986 - O Estado de S. Paulo lança o Caderno 2 e Caio é convidado a fazer parte da equipe de redatores. A adaptação para o teatro de Morangos mofados é encenada em Porto Alegre por Luciano Alabarse. É o ano do Plano Cruzado e do acidente nuclear em Tchernobil.

1987 - Escreve o roteiro de Romance, longa-metragem de Sérgio Bianchi, e escreve a peça A maldição do vale negro, juntamente com Luiz Arthur Nunes. EUA e URSS assinam acordo de desarmamento nuclear. 1988 Volta a trabalhar para a revista A-Z. Publica Os dragões não conhecem o paraíso, e o livro infanto-juvenil Mel e girassóis. Recebe o prêmio Molière de melhor autor. É promulgada a nova Constituição brasileira.

1989 - Publica o livro infantil As frangas.

1994 - Sua novela Bien loin de Marienbad é publicada em Paris. Depois de divulgar em três crônicas de sua coluna semanal no jornal O Estado de S.Paulo que é portador do vírus da aids, retorna a Porto Alegre, onde ficará até o fim da vida. Começa a circular uma nova moeda, o real, durante o governo Ita-mar Franco.

1995 - Caio é escolhido patrono da Feira do Livro de Porto Alegre, um dos maiores eventos culturais do país. Fernando Henrique Cardoso toma posse como presidente.

1996 - Caio Fernando Abreu morre em Porto Alegre, no dia 25 de fevereiro, aos 48 anos, com livros publicados em diversos países (Alemanha, Bélgica, Itália, França e Inglaterra). Ovelhas negras recebe o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do livro, de melhor livro de contos do ano.

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(Fonte: Caio 3D - O essencial da década de 1980)