_ Eu quero mesmo muito pouco eu quase não quero nada de tão pouco que eu quero. Talvez eu seja muito louco mas basta um canto e um teto - mesmo furado. Um canto e um papo furado, também. Não tem importância. Ninguém entende nada de nada e enquanto tudo cai eu canto por quase nada.
_ Me diz uma coisa: você acredita nisso? Você tem certeza absoluta que acredita mesmo nisso?
_ Nisso o quê?
_ Nisso que você acaba de cantar. Sei lá, quero dizer... você acha que basta mesmo um papo furado, um teto furado?
_ Olha, meu santo, certeza eu não tenho mesmo de nada. Nem sequer de que estou realmente vivo. Eu sei de agora, me entende? Agora basta um teto, é melhor do que ficar naquela chuva, fria lá de fora. Amanhã não sei. Pode ser que...
_ Me diz uma coisa: você acredita nisso? Você tem certeza absoluta que acredita mesmo nisso?
_ Nisso o quê?
_ Nisso que você acaba de cantar. Sei lá, quero dizer... você acha que basta mesmo um papo furado, um teto furado?
_ Olha, meu santo, certeza eu não tenho mesmo de nada. Nem sequer de que estou realmente vivo. Eu sei de agora, me entende? Agora basta um teto, é melhor do que ficar naquela chuva, fria lá de fora. Amanhã não sei. Pode ser que...
(Caio F. Abreu - Pode ser que seja só o leiteiro lá fora)
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