Às 8 horas de 12 de setembro de 1948 em Santiago do Boqueirão,
Rio Grande do Sul, nasce o primogênito de Zaél Menezes Abreu e
Nair Loureiro de Abreu, Caio Fernando Loureiro de Abreu.
Hoje se estivesse vivo estaria completando 62 anos.
Sua luz era intensa demais para a terra e ele foi brilhar nos céus,
deixando seus raios luminosos por todos os lugares onde passou.
Fica aqui minha homenagem ao poeta maior,
tão amado e também tão incompreendido no seu tempo
com a violência e a perseguição da ditadura.
Perseguido por sempre escrever o que sentia e defender o que acreditava,
se criou em torno da sua pessoa uma imagem marginalizada,
mas nunca se deixou intimidar.
Se foi, mas se fez eterno.
Nair Loureiro de Abreu, Caio Fernando Loureiro de Abreu.
Hoje se estivesse vivo estaria completando 62 anos.
Sua luz era intensa demais para a terra e ele foi brilhar nos céus,
deixando seus raios luminosos por todos os lugares onde passou.
Fica aqui minha homenagem ao poeta maior,
tão amado e também tão incompreendido no seu tempo
com a violência e a perseguição da ditadura.
Perseguido por sempre escrever o que sentia e defender o que acreditava,
se criou em torno da sua pessoa uma imagem marginalizada,
mas nunca se deixou intimidar.
Se foi, mas se fez eterno.
♫ O amor é azulzinho ♫
E eu que quis fazer de mim algo tão claro como um rio sem profundidade...
(Caio F.)
... precisava sair daqui.
Deste planeta que, tão freqüentemente, parece não comportar a sensibilidade.
(Caio F.)
Crônica em homenagem a Caio F. Abreu
.
Crônica em homenagem a Caio F. Abreuz.
Hino à vida
Não conheço pessoalmente o escritor e jornalista gaúcho Caio Fernando Abreu, mas acompanho com instigante adimiração a sua resistência contra a AIDS. Os condenados à morte, como Caio, que continuam acreditando na vida, dobram o coração da gente e fazem orgulharmo-nos e sermos humanos.
No seu artigo de sábado em Zero Hora, Caio Abreu, deu-nos um explêndido relato do fragor de emoções que se desenvolve no íntimo de um ser que a doença fatídica espreita, quando então o impulso de vida se encendeia e o homem ameaçado reúne toda a energia que lhe resta para arremessar-se no combate à morte.
Confrontando no mês passado com o dilema de ir a Montevidéu para assistir à abertura de uma nova livraria, reencontrando-se com seus laços literários e de amizades, viajar a Santiago do Boqueirão, sua terra natal, onde se inaugurava uma foto sua na casa de cultura local, ou estirpar sua vesícula, perigosamente necrosada, Caio, depois de penosa hesitação, dirigiu-se a Santiago.
Prorrogou a data da cirurgia urgente e imprecindível à sua sobrevivência para dar prosseguimento à sua vida. Notável: é preciso antes de tudo continuar vivendo e não fugir dos acontecimentos marcantes, não permitindo que eles se evaporem pela ausência. Transformou a viagem exaustiva de automóvel até quase a fronteira num passeio agradável pelas planuras do Pampa, cujas delícias visuais ele cantou magistralmente em sua crônica.
Era o homem escandido pela enexorabilidade da morte que se extasiava diante da natureza ainda mais bela da iminência da despedida. Era o gaúcho agarrado com o fascínio ao solo do berço, conformado talvez com a idéia de que aquela exuberante paisagem de sua origem fosse em breve oferecer-se a ele também como dadivosa sepultura.
Caio Abreu, como todas as pessoas que conversam com a morte, tem um encanto superior e delicioso pela vida. Extrai dela riquezas e atrativos que não são avaliados ou percebidos pelos sentidos das pessoas comuns.
É comovente que Caio tenha deixado para dias depois a delicada extração da sua vesícula, atraindo-se à viagem de Santiago. Primeiro, era preciso viver para só depois à tentativa de continuar a viver. Antes de tudo, celebrar a vida. Só mais tarde, tratar de preservá-la. Viver primeiro, deixar para enfrentar a morte mais adiante. Há pressa de viver, de colher o momento que passa, sob pena de ele jamais voltar a ser proporcionado. A vida há que ser vivida, mesmo que isso importe em risco para ela. Que comovente decisão!
Que opção maravilhosa se desenhou ante o cérebro de Caio: ir ao encontro da oferta, para só mais tarde encarar a ameaça. O presente foi-lhe prioritário ao futuro. Se a morte o desafiava ele preferia aceitar o desafio da vida.
Esses homens que contornam o destino com maestria dos heróis ensinam-nos a sermos felizes. Eles nos dão consciência de quão beleza é a vida, ainda que teimemos burramente em não percebê-lo. Não conheço Caio Abreu. Ou melhor, passei a conhecê-lo profundamente depois que o li no sábado, banhado em lágrimas. Ele é feito de uma nobre argila que molda os homens superiores e verdadeiros.
A última missão que eu passo a ter é de que um dia eu ainda possa vir a ser como ele.
............................................................. Paulo San'Ana
..............................................................Zero hora de 4 de janeiro de 1996
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O Paulo Sant'Ana estava se referindo a crônica "Raiz no Pampa"
No seu artigo de sábado em Zero Hora, Caio Abreu, deu-nos um explêndido relato do fragor de emoções que se desenvolve no íntimo de um ser que a doença fatídica espreita, quando então o impulso de vida se encendeia e o homem ameaçado reúne toda a energia que lhe resta para arremessar-se no combate à morte.
Confrontando no mês passado com o dilema de ir a Montevidéu para assistir à abertura de uma nova livraria, reencontrando-se com seus laços literários e de amizades, viajar a Santiago do Boqueirão, sua terra natal, onde se inaugurava uma foto sua na casa de cultura local, ou estirpar sua vesícula, perigosamente necrosada, Caio, depois de penosa hesitação, dirigiu-se a Santiago.
Prorrogou a data da cirurgia urgente e imprecindível à sua sobrevivência para dar prosseguimento à sua vida. Notável: é preciso antes de tudo continuar vivendo e não fugir dos acontecimentos marcantes, não permitindo que eles se evaporem pela ausência. Transformou a viagem exaustiva de automóvel até quase a fronteira num passeio agradável pelas planuras do Pampa, cujas delícias visuais ele cantou magistralmente em sua crônica.
Era o homem escandido pela enexorabilidade da morte que se extasiava diante da natureza ainda mais bela da iminência da despedida. Era o gaúcho agarrado com o fascínio ao solo do berço, conformado talvez com a idéia de que aquela exuberante paisagem de sua origem fosse em breve oferecer-se a ele também como dadivosa sepultura.
Caio Abreu, como todas as pessoas que conversam com a morte, tem um encanto superior e delicioso pela vida. Extrai dela riquezas e atrativos que não são avaliados ou percebidos pelos sentidos das pessoas comuns.
É comovente que Caio tenha deixado para dias depois a delicada extração da sua vesícula, atraindo-se à viagem de Santiago. Primeiro, era preciso viver para só depois à tentativa de continuar a viver. Antes de tudo, celebrar a vida. Só mais tarde, tratar de preservá-la. Viver primeiro, deixar para enfrentar a morte mais adiante. Há pressa de viver, de colher o momento que passa, sob pena de ele jamais voltar a ser proporcionado. A vida há que ser vivida, mesmo que isso importe em risco para ela. Que comovente decisão!
Que opção maravilhosa se desenhou ante o cérebro de Caio: ir ao encontro da oferta, para só mais tarde encarar a ameaça. O presente foi-lhe prioritário ao futuro. Se a morte o desafiava ele preferia aceitar o desafio da vida.
Esses homens que contornam o destino com maestria dos heróis ensinam-nos a sermos felizes. Eles nos dão consciência de quão beleza é a vida, ainda que teimemos burramente em não percebê-lo. Não conheço Caio Abreu. Ou melhor, passei a conhecê-lo profundamente depois que o li no sábado, banhado em lágrimas. Ele é feito de uma nobre argila que molda os homens superiores e verdadeiros.
A última missão que eu passo a ter é de que um dia eu ainda possa vir a ser como ele.
............................................................. Paulo San'Ana
..............................................................Zero hora de 4 de janeiro de 1996
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O Paulo Sant'Ana estava se referindo a crônica "Raiz no Pampa"
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